PINTOR JOSÉ SANTA-BÁRBARA EXPÕE EM VIANA
José Santa-Bárbara é um artista de dimensão internacional. Em Portugal, só em Lisboa, tem intervenções plásticas e escultóricas em três estações do metropolitano e outras tantas em estações da CP. A sua arte toca praticamente todas as disciplinas. Para além da pintura, José Santa-Bárbara tem uma obra vastíssima no domínio da escultura, da cerâmica, do design gráfico e industrial e da medalhística. É pena que não se faça representar em Viana em todas as vertentes da sua arte, porque teríamos uma das maiores exposições jamais verificadas na nossa cidade. Contudo, a sua exposição de pintura, subordinada ao tema “estravagários”, patente no espaço cultural Shoping Viana, é, só por si uma mostra de grande qualidade, que se vê, de forma demorada, no sentido da sua completa compreensão, com muito encanto.
O Escritor José Saramago, no catálogo da exposição VONTADES, na Biblioteca Nacional, em 2001, escreveu sobre estravagários: «alguma da pintura de Santa-Bárbara apresenta-se como feita de fragmentos. Fragmentos de membros ou de órgãos que, tendo perdido a sua ligação orgânica e funcional ao corpo, autocorrompem a sua própria forma, tornando-a, por as¬sim dizer, residual. Ainda parecem ser o que foram, mas já começaram a ser outra coisa. Dispersam-se no espaço, repelem-se e atraem-se como os átomos de Epicuro. Eu diria que mais se atraem do que se repelem. Não procuram reconstituir a organização corporal que destruíram ao separar-se dela, al¬iás dificilmente reconhecível, vagueiam na superfície da tela como amibas sob a placa do microscópio, são, de algum modo, partes de um projecto não consciente de reorganização futura».
Não foi por acaso que José Santa-Bárbara foi convidado pelo nosso Nobel para ilustrar a edição especial da sua obra “Memorial do Convento”, quando se passaram os 20 anos da sua primeira edição, de resultados brilhantes, com todos os quadros rapidamente adquiridos.
Esta mostra, que abriu no passado dia 14, integrada na 32ª Feira do Livro, organizada pela Câmara Municipal e pelo Centro Cultural do Alto Minho, vai estar entre nós até ao dia 24 de Agosto, das 10 às 19 horas. É de visita obrigatória.
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