Carolino Ramos foi um cidadão de Areosa. Ali nasceu; e no cemitério desta freguesia se encontra sepultado. Provavelmente deve ter levado consigo um pouco desta Areosa que amou, com quem tanto se relacionou e que tanto retractou nos seus quadros. As bonitas paisagens da freguesia amada, que pintava a partir do monte de Santa Luzia, nunca deixavam de evidenciar um amor reflectido, sintético e profundo pela sua terra. Nestes belos quadros tudo estava presente: o casario enleado entre latadas de vinhedo e eiras solarengas, a igreja e a sua torre, a veiga onde nasce o sustento, especialmente o do povo rural, e o mar, para onde se espraia o olhar infinito. E tudo isto com surpreendente escassez de recursos para uma grande quantidade de informação expressa. Depois havia as figuras típicas que retratava como ninguém com o seu traço veloz ou as aguarelas límpidas, que quase exalavam perfume. Mas as suas modelares e bonitas casas, que como mestre-de-obras construiu, também estão na sua freguesia.
Ciente da necessidade e obrigação de homenagear os bons cidadãos de Areosa, o Grupo Etnográfico de Areosa (GEA) no âmbito das comemorações do seu meio século de existência, com a colaboração do Centro Cultural do Alto Minho e o apoio da Junta de Freguesia de Areosa, também homenageou o conterrâneo Carolino Ramos. Foi no dia 28 de Outubro passado. Com uma sala repleta de público, foi possível falar e dar a conhecer o melhor que comportava este multifacetado e empenhado areosense. A docência na sua escola industrial, as belas decorações das festas d’Agonia, a sua aptidão para o desporto, os seus quadros sublimes, onde mostrava como eram bonitos os trajes vermelhinhos da sua terra, tudo foi mostrado e de tudo se falou. Presentes a Escola Secundária de Monserrate e o seu bonito filme sobre o Mestre, “Águas passadas”, que permitiu uma abertura da sessão em beleza, e também os autores da obra “Carolino Ramos – a pulsão pela arte”, que, com uma boa gestão de ordem e tempo da parte do presidente do GEA, contribuíram para uma sessão viva e animada, que se prolongou noite dentro. Mas, no final, como é costume, ainda foi possível degustar o saboroso Folar de Areosa, acompanhado de um porto de honra.
Imagens de Rui Marques
Anos 1940. Festas d’Agonia. Decoração de CR do antigo Hotel Europa, hoje Museu do Traje. | Anos 1940. Festas d’Agonia. Decoração de CR da antiga Rua Cândido dos Reis, hoje Passeio das Mordomas da Romaria. | Anos 1940. Estudo de CR para decoração da Praça da República nas Festas dÁgonia. |