Rodapé Cultural
AMORES DE CRISTAL EXCITANTES E FRÁGEIS
![]() [O amor só paixão, só atracção física, só desejo intenso, só sentimento emotivo, é tão passageiro, quanto o são esses fundamentos. Consumido tal combustível, pouco duradouro, a chama-se extingue-se, a paixão arrefece e o “amor” acabou. É hora – como dizem os brasileiros - de partir para outra. É esta forma de entender o amor que leva muitos jovens casais a optarem pelas chamadas uniões de facto ou pelos namoros de casa e pucarinho, preferindo tais situações ao casamento que sempre é um compromisso jurídico e/ou sacramental que não se desfaz por “dá-cá-aquela-palha”. É que, apagada a fogueira do desejo/paixão ou surgidas outras atracções mais absorventes que a anterior já satisfeita, é mais fácil aos unidos de facto e aos tais namorados de casa e pucarinho “partirem para outra”] |
SAIS DE PRATA
![]() (…) Em Portugal, a fotografia é anunciada pela primeira vez no ano de 1839, nas revistas O Panorama, em Lisboa e na Revista Littteraria, no Porto. Nesse mesmo ano um navio a vapor com destino ao Rio de Janeiro faz escala em Lisboa e por lá fica atracado durante oito dias. A bordo segue Comte, um dos pioneiros da daguerreotipia. Durante a sua estadia em Lisboa, este acompanha o Comandante do navio a uma audiência com D. Maria e faz-lhe uma demonstração da nova invenção (…) (…) Viana do Castelo e o Alto Minho, na segunda metade do séc. XIX e início do séc. XX, devido à sua história, arquitetura e património, era rota obrigatória de fotógrafos nacionais. Destes destacam-se as fotografias da Igreja de S. Domingos (1860?), a do Largo Agonia (1860?) e a da Praça da Rainha (1860?), que faziam parte de um Álbum de Fotografia de Anthero Frederico de Seabra que foi oferecido a D. Luis I e D. Maria Pia numa das viagens ao Alto Minho. Carlos Relvas numa das suas muitas viagens fotográficas esteve em Viana do Castelo no ano de 1880 a fotografar o Chafariz e a Casa da Misericórdia. Por esta cidade passaram outros fotógrafos como Domingos Alvão, Emílio Biel, Foto Beleza (…) |
QUESTÕES DE HISTÓRIA
![]() [Muito relevante, para mim, é a história. Onde e quando começou e a fazer o quê. Como cresceu, como encolheu, como diversificou, como se especializou. Uma empresa da qual ignoro a história é um objeto pouco identificado. Será mais importante conhecer o percurso de há umas décadas atrás, com grande probabilidade de os quadros atuais nem sequer terem vivido pessoalmente uma boa parte desse histórico, do que saber para onde quer ir? Eu acho que sim. Acho que o passado e o caminho trilhado, os percalços e os sucessos vividos marcam fortemente a identidade, para o bem e para o mal. Identificam e condicionam o presente, assim como a apetência e a repulsa pelos diferentes caminhos e desafios vindoiros] |
E PODER RECOMEÇAR A CADA DIA
![]() [Temos de ser mais competitivos, arriscados, brilhantes. Ficamos apertados entre a miséria dum território com desemprego jovem acima do imaginado e a culpa por não levantarmos uma star-up de sucesso. Fico espantada como nos culpamos tanto pela desgraça, como se a precariedade em que vivemos não fosse mais do que a imposição merecida. E a lei da meritocracia: se fores espantoso, terás o teu justo lugar. A maioria estará no lugar possível e tantas cabeças pensadoras falam sobre a principalidade do sentido de vida – de estarmos em sintonia com o mundo à nossa volta. É muito claro que somos um povo de destemidos e subordinados. Temos os louvados senhores do triunfo e, depois, todos os que sobrevivem em ofícios incertos e abreviadamente remunerados, com bolsas ou a recibos verdes, sem poderem investir em mais formação, no mais simples cubículo que não a sempre casa dos pais aposentados ou no (deslembrado) bem-estar. E levamos as palmadas no ombro: mas estás tão bem, repara naqueles que não têm nada ou olha, emigra, como o teu vizinho, que bem que ele está] |
A FATURA DO COLONIALISMO
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O QUE ENTENDEMOS POR PATRIMÓNIO?
![]() [A questão fundamental não é, então, o que se entende por património, mas a discussão das razões que governam a patrimonialização. Como se destaca um objeto ou um bem de outro? Quem tem autoridade, efetiva e simbólica, para legitimar esse destaque? Que leis governam a distinção entre o antigo e o velho? O ideal do estado moderno é assegurar para si o monopólio da memória. Passa pela redução da memória de tudo à memória escrita, conservada e autorizada. Do que se trata, então, é de escrever o texto do passado. Alimenta-se da ideia e da nostalgia de um mundo em desaparecimento, muito embora existam resistências a este monopólio] |
COM TODA A RAIVA A QUE TEMOS DIREITO
![]() [A história repete-se. Mas agora um pouco melhor, já não temos que atravessar a fronteira ‘a salto’. Somos cidadãos europeus e o mundo abre-se (pena que as portas aqui estejam fechadas). Desaportuguesamo-nos para conseguir uma vida melhor lá fora. Portugal foi sempre pequeno para a nossa alma Lusa. Enquanto eu crescia, encheram-me de sonhos em que acreditavam. Disseram-me que se eu estudasse, se me esforçasse, se não desistisse, haveria de conseguir um bom emprego e ter qualidade de vida (aqui em Portugal, a sério?). Vocês ainda podem gozar a reforma, e nós? Nós estamos fartos de ser gozados. Médicos, enfermeiros, cientistas, professores, carpinteiros, artistas, designers, arquitetos, vendedores, operários, estamos todos tão fartos desta falta de respeito. Nós somos o motor da sociedade, foram vocês que nos criaram e nós queríamos muito mudar o país, queridos avós, queridos pais, mas vocês sabem bem os corruptos que nos governam] |