![]() [Temos de ser mais competitivos, arriscados, brilhantes. Ficamos apertados entre a miséria dum território com desemprego jovem acima do imaginado e a culpa por não levantarmos uma star-up de sucesso. Fico espantada como nos culpamos tanto pela desgraça, como se a precariedade em que vivemos não fosse mais do que a imposição merecida. E a lei da meritocracia: se fores espantoso, terás o teu justo lugar. A maioria estará no lugar possível e tantas cabeças pensadoras falam sobre a principalidade do sentido de vida – de estarmos em sintonia com o mundo à nossa volta. É muito claro que somos um povo de destemidos e subordinados. Temos os louvados senhores do triunfo e, depois, todos os que sobrevivem em ofícios incertos e abreviadamente remunerados, com bolsas ou a recibos verdes, sem poderem investir em mais formação, no mais simples cubículo que não a sempre casa dos pais aposentados ou no (deslembrado) bem-estar. E levamos as palmadas no ombro: mas estás tão bem, repara naqueles que não têm nada ou olha, emigra, como o teu vizinho, que bem que ele está] |