“Pairou pela capela e aproximou-se das conversas ao lado do seu caixão. Percebeu que esteve sempre internado em hospitais, em Unidades de Cuidados Continuados e num Lar, porque a sua família não tinha condições para lhe garantir os cuidados que o seu corpo exigia. Ouviu falar de médicos, de enfermeiros, de inúmeros exames, das sondas, das fraldas e das algaliações, e da falta de lugar para tamanha Esperança e quase concluiu que ele não passou de uma “área de negócio” para os prestadores de cuidados de saúde, que multiplicaram análises, exames, observações, remédios e internamentos, para o manterem todo esse tempo a respirar. Depois olhou para os olhos chorosos da sua companheira e sentiu-lhe o desamparo agravado pela perda da sua reforma que tanto a ajudava nas coisas do dia-a-dia – tanto dinheiro gasto inutilmente consigo, que poderia ser melhor aplicado no bem-estar da sua ex-família. Ao menos essa prolongou-se” |