![]() 1. Não há mais nenhum nome. Depois de ti destinaram-me apenas corpos que não amei, rostos onde não quis pousar os olhos por temor de os fixar, mãos que eram sempre as sombras das tuas mãos sob os lençóis. Nunca sequer as vi, nem toquei esses dedos que, no escuro, celebravam na minha a tua carne — se outro motivo os trazia, por mais vago, também não quis ouvi-lo, nunca o soube. Depois de ti, depois dos outros homens, é ainda o teu nome que digo, e nenhum outro. 2. De que me serviu ir correr mundo, arrastar, de cidade em cidade, um amor que pesava mais do que mil malas; mostrar a mil homens o teu nome escrito em mil alfabetos e uma estampa do teu rosto que eu julgava feliz? De que me serviu recusar esses mil homens, e os outros mil que fizeram de tudo para parar-me, mil vezes me penteando as pregas do vestido cansado de viagens, ou dizendo o seu nome tão bonito em mil línguas que eu nunca entenderia? Porque era apenas atrás de ti que eu corria o mundo, era com a tua voz nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo do amor de cidade em cidade, o teu nome nos meus lábios de cidade em cidade, o teu rosto nos meus olhos durante toda a viagem, mas tu partias sempre na véspera de eu chegar. ![]() | ![]() |